Dois irmãos

Verão de 1998, uma tarde ensolarada com uma leve brisa, clima perfeito para jogar bola na rua. Aquiles e Davi eram irmãos gêmeos, ambos sempre jogaram bola juntos, eles mais seus amigos, aqueles quinze que habitavam a pequena rua.

Aquiles era o dono da bola, literalmente e futebolisticamente, jogava fácil, tinha o dom de um craque. Já Davi era um clássico apreciador do esporte, jogava porque gostava, não era um craque perto do seu irmão, mas sabia jogar.

Passado alguns anos, Aquiles e Davi foram fazer um teste em um peneirão que acontecia na cidade, era para uma equipe grande do futebol brasileiro. Felizmente, ambos passaram. Aquiles ganhou mais destaque, seu dom o ajudará, enquanto Davi estava na dele, sabia o que tinha feito e mereceu essa vaga. O tempo passou e os gêmeos cresceram dentro do clube, porém Aquiles chegou ao time principal, os cartolas estavam loucos, era o futuro melhor jogador do mundo. Davi, um ano depois da subida do seu irmão, chegou ao time principal também.

Aquiles começou a se afundar, seu dom o colocou lá em cima, porém ciente desta facilidade, começou a ser soberbo, arrogante, começou a frequentar as noitadas e bares, chegava atrasado aos treinos e sempre arrumava uma desculpa de sair mais cedo. Seu futebol foi decaindo, decaindo, decaindo até que...

Até que, seu irmão se esforçará nessa decadência dele, o que ele já vinha fazendo no clube, o clássico feijão com arroz, começou a se transformar em um monstro no futebol. Davi sempre treinando corretamente e esforçadamente começou a crescer, em pouco tempo o dom que Aquiles tinha parecia ter passado para Davi. Davi era "o cara" do time, era o capitão, o melhor e o mais esforçado jogador.

Infelizmente para Aquiles o futebol acabou. Sua melhor qualidade transformará nele um monstro. Já Davi não foi o melhor do mundo, mas chegará longe no futebol, seu esforço e humildade o alavancaram, sempre fazendo seu papel com muito esforço e treinos incessantes.

Aquiles e Davi são fictícios, porém é a realidade de muitas pessoas. Ser esforçado é sempre melhor que ter o dom, porém, se tem o dom, não pode deixar o esforço de lado.